25 de set. de 2011

"DESABAFO"



Na fila do supermercado, o caixa diz uma senhora idosa:
A senhora pediu desculpas e disse:                                                      
- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente.
- Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu:
- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com  nosso meio ambiente.


 - Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.
Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.
Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.
Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?
Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.
Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.
Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.


Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só  uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.
Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?

"EQUILÍBRIO"

Muitas vezes leva-me a questionar, sobre o verdadeiro significado da vida. 
Não serão as pessoas, parte integrante dela? 
A pessoa é homem ou mulher em todo o seu ser e não unicamente na diferença do seu corpo. 
Mas, no seu entendimento evolutivo de modo a um futuro mais equilibrado, homogêneo, apoiando-se mutuamente sem que essas diferenças os separem, mas os juntem a enfrentar uma vida conjunta e ajude atenuar as suas feridas. 
Unindo as qualidades e suprimindo os defeitos de modo a respeitar as suas diferenças numa harmonia em perfeito equilíbrio, tanto social como emocional. 
Já que ambos são de características diferentes. 
Como, aliás, cada uma das nossas células, sem exceção, contém o cromossoma da masculinidade ou da feminilidade. Consequentemente, todo o nosso ser é sexuado. 
Fomos feitos unicamente para nos encontrarmos e apoiarmos mutuamente.
O que acontece muitas vezes, é que as pessoas sentem-se presas na armadilha de papéis que não escolheram. 
E alimentam-nas com pequenas doses de ilusão para não saírem dela por receio de virem a perder o que julgam já ter adquirido. 
Acomodam-se de tal forma que, depois lhes é muito mais doloroso abandonar uma situação que eles próprios ajudaram a criar. 
Em grande parte, acomodam-se para não anular parte das suas vidas que sonharam e alimentaram, mas sentem-se infelizes.
Poderei exagerar nas relações sobre o amor explanado nos mais ingênuos e sentidos conceitos, na medida em que ao deslizar por conteúdos amplamente complexos como são os relacionamentos humanos. 
Será fruto daquilo que vou escrevendo em delírio, e cria certa ambiguidade desviando-me por vezes do que pretendo evidenciar. 
Onde na realidade só pretendo ir de encontro ao essencial. 
A devoção que homem sente pela mulher e vice-versa. E ao verificar esses resultados, eles não abonam a favor de nenhum deles. 
Valorizo sempre a mulher no seu conjunto, e não somente pelo seu corpo, nem como sendo o elo mais fraco... Acredito que ela seja fundamental para o equilíbrio do homem. 
As diferenças entre eles são fundamentais para haver esse equilíbrio. 
Cada um convergindo num entendimento e valorizar todas as suas potencialidades convergindo numa união harmoniosa e equilibrada. 
O homem desenvolveu-se numa tradição educacional completamente destorcida e complexa, assente numa estrutura que sempre desvalorizou a importância da mulher reduzindo-a a um espaço restrito da sociedade. 
Neste ponto, a mulher não está isenta de culpas, uma vez que os homens ainda são «já foram mais», essencialmente educados por elas... 
É uma abordagem complexa quando se trata de definir sentimentos que abrange homem/mulher, na sua diferente forma de pensar e entender o próprio significado da vida, para assimilarem as fragilidades da sua própria essência. 
As desigualdades do pensamento entre eles são o próprio equilíbrio onde se sustentam os sentimentos puramente humanos da outra parte que lhes definem essa atração. 
O maior problema do homem de viver em comum com a mulher é que o hábito diminui a admiração. Usar de razão, e amar, são duas coisas que não se juntam. 
Mas quando acontece esse equilíbrio entre ambos, do qual o amor é o mais sublime de todos os sentimentos que se foi alimentando da paixão... 
Baseando-se na cumplicidade dos seus valores e daquilo que aprendemos a dividir, numa partilha desse bem imensurável que é o amor. 
Sentimos paixão, mas quando essa paixão resfria nasce o entendimento do próprio a amor, ou não, porque a paixão não é eterna é apenas um percurso do encantamento. 
A paixão é unicamente um processo de evolução aliado ao conhecimento entre ambos, e para se alcançar a admiração pelo outro, só depois nasce o amor. 
A paixão é um sentimento exacerbado que cria momentos de satisfação e dai gerar um estado de contentamento...
Não são a mulher e o homem, num equilíbrio constante em perfeita harmonia e respeito mutuo os responsáveis pelo sucesso dessa partilha. Não são ambos feitos da mesma carne...
No entanto, nunca devemos perder a nossa identidade quando nos apaixonamos, porque mais tarde ou mais cedo, será a causa da desestabilização desse mesmo amor. Pois quem, ignorando, amou, em rigor não é amante. 
O amor quando surge, vem sempre cheio de boas intenções, mas é preciso ser alimentado pelos valores que o comportam, admirando e respeitando os seus sentimentos. 
Mas, sobretudo, aceitar o espaço próprio de cada um sem receio que ele seja devassado, mas entendido na sua própria identidade... Uma pessoa sem identidade fica desenquadrada da sua própria vida e passa a viver uma paralela que desconhece. E isso, cria algum desconforto pela necessidade que tem em querer conseguir-se afirmar. 

Não é no equilíbrio psíquico e emocional que se contrabalança toda a nossa vida, regenerando-a com alguma eficácia para a tornar menos monótona e mais saudável? Teremos forçosamente de ser pessoas numa procura incessante de algo justificado pela nossa curiosidade e satisfação da descoberta, mesmo que já tenhamos encontrado na vida aquilo que nos satisfaz, desejamos sempre ultrapassar barreiras e abarcar outros domínios que desconhecemos. Sentir a adrenalina pela descoberta das maravilhas que a vida nos oferece. 
Garanto-vos que pela parte que me toca, serei sempre um pecador moderado, um homem humilde no amar mas um destemido pela paixão. Mas sobretudo, um desnudo servo pelo desejo lascivo.

E sendo a mulher a sensualidade da própria vida, indiscutivelmente a outra face da mesma moeda, que incutirá aos que me interpretam o sentido dessa incessante leviandade que me desbasta a pele e a acaricia com laivos de ternura. 


Se por ventura, alguma coisa para além de um puro desabafo humano numa perspectiva de sentir os silêncios como se eles fossem apenas lágrimas desgovernadas, então chorarei a sorrir e ninguém vê! 
A vida seduz-me pelos seus encantos, mas não lhe verei encanto algum, senão estiver lá a mulher. Ela é o equilíbrio basilar que me e inebria...



Créditos: Andy More