23 de ago. de 2009

EU APRENDI A CALAR.

AH! APRENDA A CALAR...

Há muita necessidade de silêncio nos dias atuais...
As pessoas ansiosas por se fazer ouvir, falam cada vez mais alto, como se
isso bastasse para que os outros as escutassem.

E quando não se tem alguém para falar, o celular serve. A pessoa faz uma
ligação e se esquece de que está dividindo o ambiente com outros indivíduos
que não estão interessados no seu assunto.

É impressionante como as pessoas falam muito, e falam alto...
Além de ser um grande desrespeito aos ouvidos alheios, essa gritaria torna
impossível um diálogo entre pessoas de voz moderada,
nesses ambientes comuns.

Mas não é só a falta de silêncio exterior que assola muitas pessoas hoje em
dia. É também a falta de silêncio interior.

Poucos indivíduos ouvem a própria voz e analisam seus
pensamentos antes de exteriorizá-los.

O hábito de meditar antes de expor uma opinião ou um julgamento, é muito
pouco cultivado em nossa sociedade.

E isso tem sido motivo de desarmonia e intrigas,
de mal-entendidos e hostilidades.

Saber calar, saber ouvir, ser senhor de suas palavras e de seus sentimentos
é um desafio que merece ser pensado.

Talvez foi por ter percebido essa necessidade em nosso meio, que um dia observando algumas pessoas escrevi a seguinte mensagem:

Ah! aprenda a silenciar a palavra que sai gritada de seus lábios, ferindo a
sensibilidade alheia e lhe deixando à mercê das companhias inferiores.

Ah! aprenda a calar...
Aprenda a silenciar a palavra suave, mas cheia de ironia que sai de sua boca
ridicularizando, humilhando a quem se dirige e que lhe intoxica, provocando
a dor de estômago, as náuseas ou a enxaqueca.

Ah! aprenda a calar...

Aprenda a silenciar o murmúrio que sai entre dentes, destilando raiva e
rancor e atingindo o alvo, que fere como punhal ao tempo em que lhe
fragiliza a ponto de não se reconhecer, de se assustar consigo mesmo.

Ah! aprenda a calar...

Aprenda a calar o pensamento cruel que lhe passa na mente e que, por
invigilância, se detém nele mais do que deveria. Você se assustaria se
pudesse ver sua máscara espiritual distorcida.

Ah! aprenda a calar...

Aprenda a calar o julgamento que extrapola o que vê e o que sabe, levando-o
a conjeturar sobre o outro, o que não sabe e não viu, plasmando idéias
infelizes que são aproveitadas pelos opositores daquele qu e é julgado.

Ah! aprenda a calar...

Aprenda a calar todo e qualquer sentimento indigno, zelando pelas nascentes
do seu coração, para que não macule e não seja maculado.
Aprenda a vigiar os sentimentos para que cada dia, mais atento e vigilante,
saia da esfera mesquinha a que se aprisiona voluntariamente, e possa alçar
vôos mais altos e sublimes.

Ah! aprenda a calar...

Ah! aprenda, definitivamente, a calar!

RAY PINHEIRO